Afinal, o próximo e antepenúltimo filme de Quentin Tarantino não será o western The Hateful Eight. Depois das recentes notícias que davam conta do título e do género do filme, o realizador viu o guião o seu guião escapar-se das suas mãos e confessou-se “muito, muito deprimido” pela fuga de informação.
“Uma traição”, foi como Tarantino colocou a situação. E sem hesitações, aponta nomes de suspeitos, como os agentes dos actores Michael Madsen e Bruce Dern.
Numa entrevista ao site Deadline, Tarantino disse terça-feira que soube que o seu agente estava a receber telefonemas de colegas que queriam os seus clientes no seu futuro filme.
O argumento de Hateful Eight havia sido passado apenas a seis pessoas, que apenas o partilharam com os seus agentes. Estes são os principais suspeitos desta fuga de informação.
“Estou muito, muito deprimido. Acabei um guião, uma primeira versão, e só queria filmá-lo no próximo Inverno, daqui a um ano”, explicou Tarantino. As notícias de há um par de semanas davam conta de uma rodagem que poderia começar já no Verão deste ano. “Dei-o a seis pessoas, e aparentemente saiu [para outras mãos] hoje”, lamentou ainda o Tarantino. O realizador é ainda conhecido por, quando escreve primeiras versões de argumentos, escrever quase um livro, esculpindo o filme a partir daí.
Não é a primeira vez que Tarantino passa por uma experiência destas, visto que o seu guião para Sacanas sem Lei (2009) foi parar à Internet no Verão de 2008 e que, depois disso, o argumento de Django Libertado (2012) também foi publicado online em Maio de 2011, quando o elenco para o filme ainda nem sequer havia sido escolhido. As fugas de informação não o irritam assim tanto, admitiu, no entanto. “Gosto do facto de que eventualmente toda a gente o publica, o percebe e o critica”, assume. “Gosto que as pessoas gostem das minhas merdas e que se dêem ao trabalho de as encontrar e ler. Mas dei-o à merda de seis pessoas”.
“Dei-o a um dos produtores de Django Libertado, Reggie Hudlin, e ele deixou um agente ir a casa dele lê-lo. Isso é uma traição, no entanto o agente não ficou com o guião. Dei-o ainda a três actores: Michael Madsen, Bruce Dern, Tim Roth”, conta o realizador. “Encontrámo-nos num sítio e pu-lo nas suas mãos. Tem de ser ou o agente do Dern ou do Madsen”, aponta. “Aquele que eu sei que não fez isto é o Tim Roth”, que trabalhou com o realizador em Cães Danados e Pulp Fiction. “Um dos outros deixou o seu agente lê-lo, e esse agente passou-o a toda a gente em Hollywood. Não sei como estes agentes de merda trabalham, mas não vou fazer isto [o filme] a seguir”, avisa. “Vou publicá-lo, e para já é só. Dei-o a seis pessoas e, se não posso confiar nelas a esse ponto, então não tenho vontade de o fazer.”
Quanto ao futuro, Tarantino anuncia: “Vou avançar para a próxima coisa. Tenho mais dez de onde este veio.”
The Hateful Eight está assim, para já, na prateleira, mas não totalmente posto de parte.
Fonte: Público
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